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terça-feira, 7 de junho de 2011

Os donos dos jardins (Elânio Rodrigues)



Curitiba-PR 07 de junho de 2011. 8:35

Sempre a mesma acusação, a de que as pessoas daquele lugar eram infelizes. Faltava um bom dia, um sorriso, um olhar acolhedor, um enredo que sugerisse perguntas e respostas de uma boa conversa.
Alguns os defendiam, porque temos o direito ou a dificuldade da tmidez. Mas eu não sentia que era isso, faltava mais gentileza naquela educação formal. Faltava alguém que me dissesse sem nenhuma palavra: “eu não quero revelar minha intimidade, mas podemos nos comunicar sem medo, pode se aproximar”.

O clima chegou a me convencer que ele era o dono daquele lugar, isolando cada ser em sua casa, em sua família, influenciando humores com frio, chuva, vento, etc.

Um dia também decidi parar com a gentileza! Me tornei profissional em objetividade e modulação do tom de voz. Certeiro e imponente, distante e direto, às vezes conseguia me comunicar da forma como aquela gente mais vive, em baixa temperatura e sob o vento forte.

Em meu isolamento social decidi plantar flores e me apaixonei pela região. Notei a beleza dos jardins espalhados por calçadas, praças, sacadas, lojas, parques e quintais. Retomei o ânimo, como se tivesse falasse com as plantas, e passei a viver com poesia num lugar mágico.

Ontem passei em frente a um jardim e pensei: aqui deve morar alguém muito feliz. Havia plantas delicadas, gramas aparadas e um regador cheio d´água no fim da tarde. Vi que o dono do jardim é um senhor simpático e tranquilo que todos os dias, pacientemente, cuida de cada detalhe de seu lugar.

É só mais um jardim entre muitos, mas é único.
Eu o cumprimentei, elogiei.
Ele sorriu!
Agora eu sei que existe muita gente feliz e simpática por aqui.
Basta conhecer os donos dos jardins.


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